Após uma longa batalha judicial a Suprema Corte britânica deu ganho de causa à banda Pink Floyd. O motivo foi uma quebra de contrato onde a gravadora estava proibida de vender singles sem a autorização da banda.
Talvez o maior benefício da distribuição digital tenha sido a volta do single, um formato não muito apreciado pela maioria das bandas, que durante décadas usaram e abusaram da facilidade de enfiarem 10 músicas ruins e 2 boas em um álbum, e quem queria uma qualidade melhor do que a 5a geração de uma fita K7 ou algo gravado do rádio, comprava.
Hoje podemos entrar em uma loja online e escolher apenas as faixas que nos interessam. O próprio ato de ouvir música mudou. Playlists misturam artistas diferentes, muita gente gosta de ser surpreendida pela função Shuffle e misturar Supertramp com Rita Lee.
Assim, a princípio a ação do Pink Floyd parece algo criado para cercear nossa liberdade como consumidores, um estratagema maligno para nos forçar a comprar álbuns inteiros e não apenas as músicas boas. Mas não é assim que a banda toca (literalmente).
A alegação –entendida pelo Juiz- é que os álbuns conceituais da banda são criados como uma peça única. As músicas são parte de um todo. Esquartejá-los e vender as partes destruiria a integridade artística da obra.
Como havia uma cláusula contratual proibindo não há muito o que discutir, mas será que outras bandas usarão essa justificativa para tentar bloquear downloads de faixas individuais?
Não é preciso ser fã do Pink Floyd para entender The Wall como uma obra única, fechada e que só pode ser apreciada em sua genialidade como um todo, mas muito dificilmente fãs de Hanna Montana ou das Popozudas do Funk entenderão os álbuns de seus err… “artistas” favoritos como peças conceituais.
Em nenhum momento o Pink Floyd está dizendo como você deve escutar o álbum, não é uma daquelas campanhas idiotas cheias de DRM que apostam que iremos comprar uma cópia da música para cada player que temos em casa. O que estão exigindo é o direito de que a obra seja VENDIDA como um todo.
Ninguém compra livros por capítulo, muito menos filmes baseados em cenas. “ah mas um filme é uma obra fechada”. Perfeito, e que tal filmes como Kill Bill, cujos capítulos funcionam de forma independente? De todos os direitos talvez um dos mais fundamentais para um artista seja poder decidir como sua obra será vendida.
A medida com certeza acarretará perda de vendas, mas a banda está colocando a obra na frente do dinheiro. O que não deixa de ser fácil depois que você tem uns 70 anos de carreira e já faturou algumas centenas de milhões de dólares. Por isso mesmo, fiquem tranquilos, essa moda não vai pegar.
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